Não somos (ainda bem!) seres solitários. Somos propícios a formar
grupos, mas a partir da formação desses grupos, pressupõe-se que então
existem outros grupos que não fazem parte do nosso, seja um estranho, na
família ou com amigos (apenas para citar alguns), e essa tendência a
formar grupos é algo assimilado desde quando somos crianças, o que
futuramente, pode infelizmente se tornar em preconceito e segregação.
E para mostrar o quão assimilamos de forma rápida a discriminação e suas consequências, a professora Annie Leblanc,
de Quebec, no Canadá, fez um experimento com seus alunos do ensino
fundamental. Para falar sobre discriminação, no dia anterior afirmou
para as crianças ter visto um programa de TV no qual um psiquiatra havia
dito que pessoas de pele negra eram menos inteligentes, e pergunta o
que elas achavam disso. Ela acaba ouvindo algumas respostas que as
crianças reproduzem o que vêm na TV ou que escutam dos pais.
O experimento é enérgico e fará as crianças viverem a discriminação na pele. Annie
“afirmou” em sala de aula, que estava cientificamente comprovado que
crianças de estatura menor eram mais criativas e inteligentes e que
quando acontecia o oposto, das crianças serem altas, elas eram mais
desastradas, preguiçosas e bagunceiras. E começou a separar as crianças
em dois grupos, identificando os mais altos com coletes vermelhos e,
consequentemente, a tratá-los de forma diferente.
O estudo tem embasamento nos estudos científicos de Henri Tajfel,
um psicólogo social que mostrou através de testes de observação, como
agimos de forma diferente e discriminatória quando somos separados por
grupos, e também inspirou o clássico experimento chamado “Blue Eyed”,
de 1996, da professora Jane Elliott, que separou seus alunos de acordo
com a cor dos seus olhos e disse que a cor determinava uma série de
características deles.
No experimento de Annie, (que teve autorização dos pais, da diretoria
e conselho escolar), vemos a separação acontecer através da altura das
crianças, que também como no caso da cor dos olhos, não é uma
característica que pode ser mudada. Abaixo, o documentário onde podemos
perceber o quanto isso impacta as crianças e como elas assimilam e
reproduzem algo leviano que lhes foi ensinado. O vídeo tem 40 minutos, e
sugerimos que separem esse tempo para vê-lo, pois acreditamos que será
transformador também pra você, assim como foi para essas crianças.
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