sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Alunos fazem caminhada e pedem volta de merendeira à escola na BA

Alunos, funcionários e professores do Colégio Estadual Luís Viana Filho, no bairro de Brotas, em Salvador, fizeram uma caminhada para pedir o retorno da funcionária Célia das Neves, que segundo os manifestantes, foi transferida para outra escola.

Ainda segundo os alunos, a funcionária teria participado, na terça-feira (19), de um protesto de merendeiras que pediam o pagamento dos salários atrasados. Durante a manifestação, ela denunciou que foi agarrada no pescoço por um Policial Militar. O PM também teria jogado spray de pimenta em outro manifestante, denunciou ela.
A Secretaria de Educação do Estado disse que procurou a empresa terceirizada, responsável pelo contrato da funcionária, para saber o motivo da transferência. Segundo a empresa, a merendeira é contratada para substituir outros funcionários em período de férias e que por isso, ela teria sido encaminhada para outra escola.
merendeira; bahia (Foto: Reprodução / TV Bahia) 
merendeira; bahia (Foto: Reprodução / TV Bahia)
Agressão
A merendeira afirmou ter sido agredida por um policial militar durante um protesto que aconteceu na região do bairro de Brotas. Na ocasião, um grupo de professores, merendeiras e alunos das escolas estaduais Luis Viana Filho e Manuel Vitorino bloquearam a passagem de carros na Rua Waldemar Falcão, em protesto contra os salários atrasados dos funcionários das duas unidades.
A Polícia Militar tentou liberar a rua e um policial chegou a discutir com um dos manifestantes. Depois, o grupo seguiu em caminhada pela Avenida D. João VI. Ao chegar na praça da Cruz da Redenção, a merendeira Célia das Neves foi detida pela polícia e ficou presa no camburão durante uma hora.
Além disso, o policial jogou spray de pimenta em outra participante que resolveu se aproximar, após Célia ser imobilizada pela polícia. Segundo a merendeira, a confusão começou quando o mesmo PM agrediu uma professora e jogou spray de pimenta na filha dela. "Quando ele jogou o spray e atingiu minha filha, atingiu outra aluna da escola eu peguei, também não gostei fui lá reclamar com ele, ele disse que era autoridade. A gente estava brigando por um direito da gente, são três meses sem salário. A gente não saiu na rua para agredir ninguém, nem para bater em ninguém", disse Célia.
A merendeira registrou ocorrência sobre a agresão na Delegacia de Brotas. Segundo a delegada Maria Dail, titular da unidade, pode ter havido um excesso da polícia e isso será apurado. "Administrativamente ele [o policial] vai responder na Corregedoria da Polícia Militar", disse.
Em nota, a Polícia Militar disse que a merendeira estava exaltada e desacatou o PM. A polícia informou ainda que usou gás lacrimogênio para conter o tumulto.
A Secretaria da Educação do Estado informou que a empresa Líder, que terceiriza o serviço das merendeiras, está sendo substituída por não cumprimento do contrato e que todos os funcionários vão ser contratados pela nova empresa. O sindicato do setor disse que está marcado para quinta-feira (21) uma audiência no Ministério Público do Trabalho para discutir o problema.
Protesto
Mais de 400 merendeiras que trabalham em escolas públicas do estado estão em greve por causa do atraso no pagamento dos salários. São funcionárias da empresa Líder, tercerizada contratada pelo governo. Sem merenda, o horário das aulas foi reduzido.
Na Escola Cesare Casali, no bairro Pirajá, as aulas estão mantidas, mas os 1.100 alunos estão sem alimentação. Segundo os estudantes, há mais de três semanas as merendeiras pararam as atividades. Sem merenda, os alunos são liberados mais cedo. "A gente fica prejudicado porque não temos as aulas todas", afirma o estudante Luís Henrique, de 13 anos.

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