Marcela Ohio foi eleita Miss Internacional Queen em novembro, na Tailândia (Foto: Marcos Serra Lima / EGO)
Quando tinha seus 5 anos, Marcela Ohio não entendia por que deveria
gostar de futebol e não de balé. Afinal, ao se olhar no espelho não se
via como um menino. Até se vestia como tal. Mas não se reconhecia. E
também não havia o que questionar. Era um garotinho e ponto.
Marcela sonha em seguir a carreira de modelo
internacional e se inspira em Lea T
(Foto: Marcos Serra Lima / EGO)
Dona do título Miss Internacional Queen, Marcela quer seguir os passos
de Lea T, também transexual, que caiu nas graças dos estilistas
internacionais. "Não tenho pai famoso como ela, fica bem mais difícil. O
que não entendo é a censura prévia. Então, uma trans não pode ser
médica, psicóloga, advogada? Tem que ser cabeleireira, estilista ou
prostituta? Não que haja problemas com estas profissões, mas não pode
ser só isso. Realmente, vivemos em um país muito hipócrita", desabafa.internacional e se inspira em Lea T
(Foto: Marcos Serra Lima / EGO)
Marcela conheceu e ainda conhece o preconceito. Na escola, mesmo já de uniforme feminino, após os pais terem aceitado seu transexualismo, escutava alguns professores a chamando pelo nome de batismo, Marcos: "Faziam questão de me botar no banheiro masculino, de incentivar outros alunos a me chamarem de Marcão. Sofria calada para não chamar mais a atenção do que já chamava", revela.
Hoje, a modelo sabe que em breve se submeterá à cirurgia para a mudança de sexo. Poderia ter feito assim que venceu o concurso já que fazia parte da premiação, mas preferiu aguardar um pouco mais. "Existem médicos e médicos. Resolvi pesquisar um pouco mais, ouvir alguns relatos e vou fazer a cirurgia ano que vem", conta ela, que não titubeou nem com o que andou lendo ou ouvindo por aí: "Dizem que dói muito, que nunca mais sentirei prazer. Mas estou disposta. Não é questão de prazer ou não. É questão de retirar algo que não me pertence e nunca quis ter".
Marcela conta que vai fazer em breve a cirurgia
para a mudança de sexo
(Foto: Marcos Serra Lima / EGO)
Em breve, Marcela retorna à Tailândia, onde aconteceu o concurso e
tornou-se uma celebridade, para participar de eventos como miss e tentar
alavancar uma carreira de modelo internacional. "Já recebi alguns
convites. No Japão, as transexuais também são bem vistas, e o que quero é
poder desfilar, fotografar. Quero a oportunidade que qualquer modelo
tem. Até de levar um não por não estar de acordo com determinado
casting. Mas não por ser uma transex", justifica.para a mudança de sexo
(Foto: Marcos Serra Lima / EGO)
Caso aceite as propostas que aparaceram, Marcela, de 18 anos e 1,80m de altura, ficará um ano fora do Brasil. Consequentemente, deixará o namorado, Felipe Ávilla, com quem mora há cinco meses, por estas bandas. "Conversamos muito, o Felipe é meu companheiro e me incentiva na carreira. Se tivermos que ficar separados, paciência. Preciso focar no meu futuro, na carreira que escolhi e quero ter", diz.
Agradecimento Pereira Máquinas / Produção Tracy Rato/ Maquiagem e cabelo Alexandre Glória
Aos 18 anos, a miss vai voltar à Ásia em 2014 (Foto: Marcos Serra Lima / EGO)
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