sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Testes científicos com animais, Saiba mais !

Ouvimos os argumentos dos defensores e dos que são contra uso de bichos em testes científicos - 1 (© Epitácio Pessoa Estadão)
A polêmica sobre o uso de bichos em experiências não para de ganhar força. A invasão do Instituto Royal por ativistas em outubro culminou com o encerramento dos testes na unidade de São Roque, a 66 quilômetros de São Paulo. Uma semana depois, ativistas interromperam uma aula prática de Medicina da PUC de Campinas. As imagens filmadas que ganharam força na internet mostravam porcos sendo usados por alunos que treinavam como realizar uma traqueostomia. Paixões foram despertadas e dúvidas surgiram.

Ouvimos os argumentos dos defensores e dos que são contra uso de bichos em testes científicos - 1 (© Epitácio Pessoa Estadão)

Testes científicos com animais: que bicho é esse?

Para lançar um pouco mais de luz à questão, ouvimos os dois lados - os que defendem a utilização de animais em testes e experimentos e os que são contra - e apresentamos aqui o argumento de cada um deles.

Ouvimos os argumentos dos defensores e dos que são contra uso de bichos em testes científicos - 1 (© Epitácio Pessoa Estadão)

Que bichos são os mais utilizados?

Embora vivam menos, camundongos, ratos e coelhos procriam mais que outros animais, são mais baratos e por isso são os mais testados. Mas, além dos roedores, cães, gatos e primatas também são usados em diversos tipos de testes.

Ouvimos os argumentos dos defensores e dos que são contra uso de bichos em testes científicos - 1 (© Epitácio Pessoa Estadão)

O que os testes testam?

Há diversos tipos de pesquisa. Em geral, elas procuram entender a reação de algumas substâncias no organismo. Podem servir para detectar uma irritabilidade (cutânea, ocular ou gástrica) provocada por algum composto. Há também os tipos mais complexos, como os testes neurológicos e ortopédicos. Nessas modalidades, os animais de maior porte são mais empregados.

Ouvimos os argumentos dos defensores e dos que são contra uso de bichos em testes científicos - 1 (© Epitácio Pessoa Estadão)

Que indústrias realizam os testes com animais?

Os animais são utilizados em testes pela indústria de cosméticos e de produtos de limpeza, em universidades (durante aulas práticas de alguns cursos, como Medicina, por exemplo), e também pela indústria farmacêutica.

Ouvimos os argumentos dos defensores e dos que são contra uso de bichos em testes científicos - 1 (© Epitácio Pessoa Estadão)

Quais são as críticas feitas por quem condena os testes em animais?

'O que se descobre em ratos não pode ser aplicado a coelhos, nem a gatos, nem a cães, nem a primatas. Cada espécie é diferente', afirma Carlos Rosolen, diretor-geral do Projeto Esperança Animal (PEA) e mestre em Ciências pela Universidade de São Paulo (USP). De acordo com os que defendem esta ideia, a aplicabilidade dos resultados obtidos com animais em humanos é uma falácia. 'Os testes ainda existem porque movimentam muito dinheiro, e não porque trouxeram resultados ou segurança para nós.'

Ouvimos os argumentos dos defensores e dos que são contra uso de bichos em testes científicos - 1 (© Epitácio Pessoa Estadão)

O que dizem os que defendem a permanência de animais em experiências científicas?

'É impossível abolir o uso de animais, especialmente para o teste de fármacos', afirma Marcelo Morales, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Embora concorde que nem sempre os resultados obtidos com animais sejam válidos para os humanos, Morales diz que a presença dos bichos em testes é fundamental para que os riscos às pessoas sejam minimizados. 'Se não testássemos em ratos, não chegaríamos aos cães com segurança. E se não fizéssemos com cães, não chegaríamos aos humanos.'

Ouvimos os argumentos dos defensores e dos que são contra uso de bichos em testes científicos - 1 (© Epitácio Pessoa Estadão)

Há alguma lei brasileira que proíba o uso de animais em testes?

Quem condena os testes se baseia na Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/98), que no artigo 32 condena quem 'praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos'. Para esses casos, a legislação prevê multa e pena de três meses a um ano. Também estão previstas na lei as mesmas penas para 'quem realiza experiência dolorosa ou cruel ou animal vivo, ainda que para fins didáticos e científicos, quando existirem recursos alternativos'

Ouvimos os argumentos dos defensores e dos que são contra uso de bichos em testes científicos - 1 (© Epitácio Pessoa Estadão)

Há algum ponto de convergência entre os dois lados?

'Os testes realizados pela indústria de cosméticos, limpeza e higiene pessoal são ilegais no Brasil, mas continuam sendo feitos', afirma Rosolen, do PEA. E é neste ponto que defensores e críticos dos testes com animais costumam concordar. 'Somos totalmente contra os testes cosméticos em animais', admite Morales, da SBPC.

Ouvimos os argumentos dos defensores e dos que são contra uso de bichos em testes científicos - 1 (© Epitácio Pessoa Estadão)

Se os animais fossem abolidos dos testes, que alternativas teríamos?

'Agora podemos usar células e tecidos humanos, modelos e técnicas que não eram possíveis quando os testes em animais começaram', disse em entrevista por email Justin Goodman, diretor de Investigações Laboratoriais do PETA, uma organização internacional em defesa dos animais. 'Diversos estudos já comprovaram que métodos como modelos de tecidos tridimensionais e células-tronco representam melhor a biologia humana e são mais precisos em prever como algumas drogas vão reagir no corpo humano.'

Ouvimos os argumentos dos defensores e dos que são contra uso de bichos em testes científicos - 1 (© Epitácio Pessoa Estadão)

Como funcionam os testes lá fora?

De acordo com o PETA, a União Europeia, Israel e a Índia já baniram os testes com animais. A organização também afirma que 98% das escolas de Medicina dos EUA - incluindo Harvard e Yale - não usam mais animais para treinar estudantes, e recorrem a uma combinação de métodos que vão desde programas de computador interativos a simuladores humanos.

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